As palavras são como vinho, é preciso beber para sabê-las. Mas, não é tão simples, é preciso antes aprender a bebê-las, degustá-las,descobrir os seus becos, seus meandros, seus aromas secretos de palavras, saber esperar a sua hora minúscula, oculta, seus caramelos congelados que esperam a chegada da primavera para transformar-se de novo em palavras pétreas e poder significar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nesse noturno adiado


Nesse noturno adiado
que me devora o tudo: enormidão!
Enorme vagueia o teu nome
aliado aos vãos em que me vôo
nestas vinte paredes
em que te ouço pela febre dos loucos.

Talvez outro dia
(ou num sempre apenas estar)
queira eu saber de que te fazes
de que te pulsas e te vibras nessas mesmas palavras
em que não te toco...
Ou será que apenas dormes para o sono dos loucos?

Queria saber-te e por onde te esvais
Mas permaneço nesse silêncio das pedras.

Logo agora, quando o inverno chegou mesmo
com seu belíssimo frio pontiagudo
e eu te rumino pela pele
pelos olhos e pelos cristais
enquanto a noite te vomita em palavras.

Marcello - Pelotas/RS (05/junho/2007) reescrito em 17 de junho de 2009

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Quem sou eu

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Pelotas, RS, Brazil
Quem sou eu? Pois começo a pensar: como Leolo, não o sou, porque eu sonho. Parce que moi, je rêve. Je ne le suis pas. Abdico do reinado de ser para estar um rio: um poderoso rio castanho, taciturno, indômito e intratável... O aroma das uvas sobre a mesa de outono. O seu estuário onde a estrela-do-mar, o caranguejo e o espinhaço da baleia são arremessados para a pulsação da terra. Tudo tange e vibra. Fora isso, há esse tempo de agora, ex nihilo, mastigando algum pedaço de silêncio enquanto a poesia vibra. Desse mim, não há muito o que dizer, mas certamente há muito o que inventar.

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