As palavras são como vinho, é preciso beber para sabê-las. Mas, não é tão simples, é preciso antes aprender a bebê-las, degustá-las,descobrir os seus becos, seus meandros, seus aromas secretos de palavras, saber esperar a sua hora minúscula, oculta, seus caramelos congelados que esperam a chegada da primavera para transformar-se de novo em palavras pétreas e poder significar.

sábado, 11 de junho de 2011

DA SOLIDÃO




Inquieta chuva, inquieta me dispersa,
esquecida a tradição e o cansado som. 

Dentro e fora de mim tudo é deserto 
como se as ervas fossem arrancadas 
ou se esgotasse a dor por que se chora.

Na grande solidão me basta, e a contemplo 
para o sonho interior que me resolve! 

Tão fácil é esperar, que já nem sinto 
o que vem a dormir ou a morrer
na mesma angústia que
o silêncio envolve. 


Maria Alberta Menéres

Um comentário:

  1. As rosas

    Quando à noite desfolho e trinco as rosas
    É como se prendesse entre os meus dentes
    Todo o luar das noites transparentes,
    Todo o fulgor das tardes luminosas,
    O vento bailador das Primaveras,
    A doçura amarga dos poentes,
    E a exaltação de todas as esperas.

    Sophia de Mello Breyner Andresen

    Bj.

    ResponderExcluir

Quem sou eu

Minha foto
Pelotas, RS, Brazil
Quem sou eu? Pois começo a pensar: como Leolo, não o sou, porque eu sonho. Parce que moi, je rêve. Je ne le suis pas. Abdico do reinado de ser para estar um rio: um poderoso rio castanho, taciturno, indômito e intratável... O aroma das uvas sobre a mesa de outono. O seu estuário onde a estrela-do-mar, o caranguejo e o espinhaço da baleia são arremessados para a pulsação da terra. Tudo tange e vibra. Fora isso, há esse tempo de agora, ex nihilo, mastigando algum pedaço de silêncio enquanto a poesia vibra. Desse mim, não há muito o que dizer, mas certamente há muito o que inventar.

Seguidores