As palavras são como vinho, é preciso beber para sabê-las. Mas, não é tão simples, é preciso antes aprender a bebê-las, degustá-las,descobrir os seus becos, seus meandros, seus aromas secretos de palavras, saber esperar a sua hora minúscula, oculta, seus caramelos congelados que esperam a chegada da primavera para transformar-se de novo em palavras pétreas e poder significar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


As palavras são como vinho, é preciso beber para sabê-las. Mas, não é tão simples, é preciso antes aprender a bebê-las, degustá-las, descobrir os seus becos, seus meandros, seus aromas secretos de palavras, saber esperar a sua hora minúscula, oculta, seus caramelos congelados que esperam a chegada da primavera para transformar-se de novo em palavras pétreas e poder significar. Antes ainda está a planta, e antes da planta as raízes da planta, os sumos da planta circulando em seiva para que venha a uva, para que se faça o vinho... E muito antes ainda está o mineral da terra, o sal da terra, o que alimenta as raízes, o que se faz seiva da terra embrutecida e áspera. Porém, acima de tudo está o sol que impregna de luz as faces dos vegetais. O deus sol que a tudo movimenta e invade com seus fluxos de fótons e engendra energia pelas células das folhas, pelas células do silêncio... Enfim, para se poder chegar a embriagar de palavras, poemar-se, é preciso haver antes uma terra e um céu. Que as plantas tenham invadido e vivificado os continentes, e que muitos homens tenham se erguido de todo esse barro e de toda essa luz. Poemar-se, poetar-se... Centelhas de anos-luz, cacos de palavras, una guitarra y un guitarrero solo. Y no solamente solo, pero con el silencio alumbrando todos la sangre de la tierra y toda la sangre que adentra en las venas de nosotros, como si fueran fotons azuleados y rubros llenos y llenando de luz y sonidos todos los recantos oscuros del ser... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quem sou eu

Minha foto
Pelotas, RS, Brazil
Quem sou eu? Pois começo a pensar: como Leolo, não o sou, porque eu sonho. Parce que moi, je rêve. Je ne le suis pas. Abdico do reinado de ser para estar um rio: um poderoso rio castanho, taciturno, indômito e intratável... O aroma das uvas sobre a mesa de outono. O seu estuário onde a estrela-do-mar, o caranguejo e o espinhaço da baleia são arremessados para a pulsação da terra. Tudo tange e vibra. Fora isso, há esse tempo de agora, ex nihilo, mastigando algum pedaço de silêncio enquanto a poesia vibra. Desse mim, não há muito o que dizer, mas certamente há muito o que inventar.

Seguidores